quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dos Homens e dos Deuses.


Nos anos 90, oito frades católicos da ordem de Tibhirine vivem num mosteiro no meio das montanhas na Argélia. A violência e o terror fudamentalista instalam-se progressivamente na região mas os frades decidem ficar, custe o custar…até mesmo as suas vidas. Esta é a sinopse do filme de Xavier Beauvois, baseado em factos verídicos, estreado entre nós a semana passada.
Sem ceder a tentações sensacionalistas, Beauvois desvenda aos nossos olhos o dia-a-dia daquele pequeno mosteiro de Tibhirine, dos seus oito habitantes e da pacata população da aldeia local, induzindo progressivamente o adensar do contexto violento que involuntariamente envolve uns e outros e que coloca questões fundamentais, sobretudo para quem se rege pelos valores católicos.


Simples e acessível, o filme tem como pano de fundo o horror dos acontecimentos e da crescente violência, mas sempre num tom muito contido preferindo centrar-se no espírito com que aquela irmandade os enfrenta. Um espírito sustentado na sua extraordinária força e revitalizado na dúvida e fraqueza pela oração, pelo permanente desejo de união, comunhão e pela ajuda ao próximo.
Neste sentido, a abordagem coloca questões fundamentais que ajudam o espectador a perceber quais as razões que levaram aqueles monges a ficar na Argélia, em vez de partir. Embora seja uma obra em que Deus está sempre presente, é essencialmente um filme profundamente humano, sobre os homens, os seus medos, as suas dúvidas e fraquezas, mas também sobre a alegria, a fé e a coragem.


Em cima os actores do filme e, em baixo, os verdadeiros monges.


A não perder.

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