Quero começar por dizer que não gosto de Saramago como escritor, não consigo por mais que tente e já fiz várias tentativas, entrar no seu universo. A forma como ele escreve é uma espécie de barreira entre mim e que ele quer contar. E à força de tanto tentar, aborreço-me e acabo por deixar os livros a meio. É certamente culpa minha, mas é assim. Isto para dizer que o que me levou a ver o recém estreado documentário de Miguel Mendes "José e Pilar", foi mais a Pilar do que o Saramago. E claro está, conhecer melhor uma extraordinária história de amor.
O filme mostra o dia-a-dia da vida do Saramago e da Pilar filmados durante 3 anos pelo realizador Miguel Mendes. Filmou 240 horas e a montagem final tem cerca de duas horas. Muito ficou no chão da sala de montagem. Mas o que ele decidiu mostrar é um retrato relevante para percebermos a sua intimidade, a sua dinâmica como casal e o amor que tinham um pelo outro, um amor mais forte do que a morte.
É um filme por onde a morte plana (o Saramago tem 83 anos, e como ele diz, "a porta de saída está mesmo aí, não há que ter ilusões" mas a vida também brota às golfadas de felicidade através de uma mulher que o ama e o ajuda a cumprir os seus desejos, mas sem se anular, sem se submeter. Acompanha-o com inteligência, coragem e um amor infinito. Mas para além da Pilar, que é espantosa, também se descobre um Saramago mais humano e até inesperado. Muito se poderia dizer porque é um filme que nos faz pensar. Muito e no bom sentido. Por isso, acho que o melhor é mesmo verem.
É um belíssimo filme, muito inspirador.
"Se eu tivesse morrido antes de conhecer a Pilar,
teria morrido um homem muito mais velho"
domingo, 21 de novembro de 2010
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Outra frase lindíssima desse amor, a dedicatória de um dos seus livros: "A Pilar, que ainda não tinha nascido e que tanto tardou a chegar." Que bonito aquele amor! Que mulher tão bonita!
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