terça-feira, 22 de março de 2011

Casa do Alentejo


Sexta-feira passada eu e a PM tivemos almoçinho cultural e desta vez decidimo-nos por uma visita à Casa do Alentejo, mesmo no centro de Lisboa. Um espaço surpreendente, com uma mistura de estilos diferentes e que já foi um casino, o que explica a decoração barroca das salas nobres.


Construído possivelmente nos finais do século XVII, o edifício onde hoje se encontra instalada a Casa do Alentejo sofreu profundas modificações no princípio do século XX.

Da sua história mais antiga pouco se sabe. Apenas que pertencia a uma família aristocrática – os Paes de Amaral (Viscondes de Alverca) – de quem adoptou o nome de Palácio Paes de Amaral ou Palácio Alverca, cuja propriedade vem até aos nossos dias.
No sítio onde lança as fundações, existira antes, nos meados do séc. XV um curral de porcos. Depois, instalou-se aí um matadouro "onde se matava o gado vacum"; em seguida, uma fábrica de curtumes e, finalmente, seria o local onde se "depositavam animais de carga que fossem encontrados nas ruas". É deste "chão" que se irá apropriar, em 1919, o "Magestic Club", um dos primeiros casinos de Lisboa. Ao cimo das escadas e transposta uma "porta árabe com vitrais, vêm-nos à mente as visões fantásticas das mil e uma noites e entra-se no pátio central, com tal profusão de elementos decorativos, que logo o classificamos no estilo árabe puro Hispânico"


Em tempos já mais recentes aí funcionou um liceu, talvez o primeiro de Lisboa e, na altura da sua adaptação a casino, nele se encontrava instalada "A Liquidadora", armazém de mobiliário e objectos de arte. Por motivos que desconhecemos, o "Magestic" adopta mais tarde o nome de "Monumental Club" que, já sem as suas luxuosas salas de jogo, se mantém até 1928.

Em 1932 é arrendado ao "Grémio Alentejano", posteriormente "Casa do Alentejo", que recentemente adquiriu o imóvel aos proprietários descendentes dos fundadores.


O Hall do 2° andar constitui de novo uma surpresa. Abandona-se subitamente o "árabe" e passa-se a um neo-dórico nos capitéis das colunas e nas paredes, decoradas com medalhões representando cabeças femininas. À esquerda deste hall, passamos para o salão de maiores dimensões de toda a Casa: o Salão Restaurante ou "Luís XVI ".





Num dos extremos e separando este salão da sala de jogo, encontra-se o palco, ladeado por figuras alegóricas, da autoria do escultor José Isidoro Neto. Este palco não tinha nesta data a posição que tem hoje, encontrando-se sobrelevado. Tem a particularidade de permitir a abertura para os dois salões. Uma tela de Júlio Silva ainda se mantém no pequeno hall de acesso ao bar, no lado da fachada principal.



Ultrapassando este palco, entramos então no "Salão de Jogos", menor que o anterior, decorado com motivos relacionados com o jogo, pois nele se situava o "coração" do casino: a roleta e os outros jogos clássicos. "Em estilo livre, uma neo-renascença (...) que procura emancipar-se de fórmulas, convenções e preceitos de outros tempos". Toda a pintura a óleo, incluindo o tecto que representa "A Fortuna", é da autoria de outro pintor da época, Domingos Costa.
Informação via "Cadernos da Casa do Alentejo" de Guilherme Alves Coelho

Casa do Alentejo
Visitas gratuitas.
Rua Portas de Santo Antão 58
Lisboa
Telefone 213405140

3 comentários:

  1. Pois é, e o mais espantoso é que vendo o edifício por fora que é muito "pobrezinho", nunca imaginarias aqueles interiores.
    Um abraço:)

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  2. Excelente reportagem!!! E o mais funny é que eu trabalho com uma das herdeiras... ela bem me disse uma vez, sem toleima, que os pais viviam dos rendimentos...antes do 25 de Abril, simplesmente não trabalhavam!...Paes do Amaral. Vou tirar nabos da púcara na 2ª feira... ehehehe

    Beijos

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