sexta-feira, 14 de maio de 2010

perdição

«I can resist everything except temptation»
Oscar Wilde


Li o "De Profundis" ou "Carta a Lord Douglas Escrita na Prisão de Reading" na minha adolescência tardia e foi uma obra que me marcou. Esta carta escrita em 1897, que toma a forma de uma longa e emocional epístola épica ao seu amante Alfred Douglas, escrita na prisão onde cumpria pena por comportamento indecente e sodomia, é uma obra lúcida, pungente, amarga e é não só um testemunho daquele amor louco mas também um acto de contrição do próprio Wilde.


"The gods had given me almost everything. But I let myself be lured into long spells of senseless and sensual ease. I amused myself with being a FLANEUR, a dandy, a man of fashion. I surrounded myself with the smaller natures and the meaner minds. I became the spendthrift of my own genius, and to waste an eternal youth gave me a curious joy. Tired of being on the heights, I deliberately went to the depths in the search for new sensation. What the paradox was to me in the sphere of thought, perversity became to me in the sphere of passion. Desire, at the end, was a malady, or a madness, or both. I grew careless of the lives of others. I took pleasure where it pleased me, and passed on. I forgot that every little action of the common day makes or unmakes character, and that therefore what one has done in the secret chamber one has some day to cry aloud on the housetop. I ceased to be lord over myself. I was no longer the captain of my soul, and did not know it. I allowed pleasure to dominate me. I ended in horrible disgrace. There is only one thing for me now, absolute humility."
Oscar Wilde "De Profundis"



O que eu não sabia é que, enquanto na prisão, Wilde não foi autorizado a enviar a carta que escrevera, apenas lhe foi permitido levar o manuscrito consigo no final da pena. Wilde acabou por confiar o manuscrito ao seu amigo jornalista Robert Ross, que fez duas cópias dactilografadas. Uma terá sido enviada a Douglas, que negou sempre tê-la alguma vez recebido. Em 1905, quatro anos após a morte de Wilde, Ross publicou uma versão reduzida (cerca de um terço) da carta com o título "De Profundis", que viria a ser utilizado sempre em edições posteriores. O original foi doado em 1909, por Ross, ao British Museum, com a condição expressa que não fosse apresentada ao público durante cinquenta anos. A segunda cópia dactilografada foi utilizada para a publicação da "primeira versão completa e rigorosa" por Vyvyan Holland, filho de Wilde, em 1949. Na realidade, quando em 1960, o manuscrito foi tornado público, foi possível estabelecer que a cópia dactilografada continha cerca de uma centena de erros. A versão correcta viria a ser publicada em 1962 no livro de cartas "The Letters of Oscar Wilde".
Via "Wikipédia"

Bosie. Ou seja Lord Alfred Doulas, o amante por quem Oscar Wilde desceu ao infernos.



"Por detrás da alegria e do riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer, a dor não usa máscara"

(Behind joy and laughter there may be a temperament, coarse, hard and callous. But behind sorrow there is always sorrow. Pain, unlike pleasure, wears no mask).

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