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Este é sem dúvida um dos livros que eu mais gostei da Agatha Christie, que hoje faria 120 anos.
Há muitos, muitos anos atrás, quando eu ia para a Riviera ou para Paris, costumava ficar fascinada pela visão do Orient Express em Calais, e desejava ardentemente viajar nele. Agora, ele já se tornou um amigo velho e familiar, mas a emoção não morreu de todo. Eu vou nele! Eu estou nele! Estou precisamente no carro azul, com uma simples legenda do lado de fora: CALAIS-ISTAMBUL. É, sem dúvida, o meu trem favorito. [Agatha Christie, Desenterrando o Passado, trad. Cora Rónai Vieira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976]
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Agatha Christie viajou no Orient Express pela primeira vez algum tempo depois de se separar do primeiro marido. O pedido de divórcio feito por Archibald Christie em 1926, logo após a morte da mãe da escritora, levou-a a uma crise nervosa. Agatha desapareceu por onze dias, mobilizando a polícia, a imprensa e o público, e foi localizada num spa com amnésia. O divórcio foi oficializado em 1928.
Ela já era uma autora famosa pelos seus romances policiais e a viagem pelo Orient Express foi também a primeira viagem sozinha na sua vida inteira. No final da parte 7 e em toda a parte 8 de sua autobiografia, ela conta ao leitor como esta viagem foi libertadora psicologicamente, além de narrar todos os percalços por que passou e descrever as pessoas e lugares que conheceu.
Muitas dessas pessoas e lugares foram retratados no romance policial “Murder on the Orient Express”, publicado pela primeira vez em 1933 nos EUA [e apenas em 1934 na Inglaterra] com o título Murder on the Calais Couch. Agatha Christie estava casada desde 1930 com seu segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan, que ela conheceu na segunda viagem a Istambul. Mallowan participava de escavações na Síria e, na sua lua-de-mel [planeada pelo marido como uma surpresa para a esposa], o casal voltou a viajar pelo Orient Express. Talvez por isso, ela tenha dedicado o livro a Max Mallowan.
O enredo é inspirado em dois factos verídicos: o primeiro foi uma viagem do Orient Express em 1929 quando o comboio foi apanhado no meio de uma nevão e passou seis dias isolado no meio do trajecto. O segundo foi o caso do bebé Lindbergh, o rapto e assassinato do filho do aviador Charles Lindbergh nos EUA em 1932.
Este livro deu um excelente filme, para mim talvez a melhor adaptação ao cinema de uma obra sua, realizado por Sidney Lumet em 1974 e recheado por um fantástico cast de estrelas. Ingrid Bergman ganhou por este papel o seu segundo óscar.
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Deixo-vos aqui o trailer. O filme pode inclusive ser visto no youtube.
Parabéns Agatha!
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Alguma da informação deste post foi tirada daqui http://acasatorta.wordpress.com/
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